Filho de judeus poloneses que emigraram para o Brasil nos anos 30, Leon Hirszman nasceu num subúrbio da Zona Norte do Rio de Janeiro em 1937. Apaixonado por música popular e pelo cinema desde garoto, formou-se no entanto em engenharia. Leitor ávido de novas idéias, passou do socialismo lírico para o marxismo e a militância comunista. Mas o racionalista, que amava o debate e o discurso claro e convincente, era também um ser humano apaixonado e até místico. Essa contradição fez dele um criador de múltiplas faces, do que dá testemunho sua filmografia, onde se alinham obras A falecida, Garota de Ipanema, São Bernardo, Eles não usam black-tie exemplos da melhor ficção cinematográfica, e documentário como ABC da greve, Partido alto, a série intitulada Cantos de trabalho, um apanhado da diversidade musical do Brasil, e, sobretudo, Imagens do inconsciente, uma trilogia que incursiona pelos universos interiores revelados pelas atividades artísticas de três freqüentadores do setor de Terapêutica Ocupacional fundado e dirigido pela Dra. Nise da Silveira no Centro Psiquiátrico Pedro II do Rio de Janeiro.
sábado, 28 de março de 2009
Leon Hirszman o navegador das estrelas
segunda-feira, 23 de março de 2009
O ano que nossos pais sairam de ferias
Mauro, jovem mineiro apaixonado por Futebol, é levado às pressas para São Paulo, onde passará um tempo com seu avô, enquanto seus pais supostamente viajam de férias. Ao chegar na sua temporária casa o garoto se depara com uma realidade difícil ao saber que seu avô não o receberá da forma esperada, seus pais não tem previsão para voltar e não conseguem entrar em contato, e as pessoas agora responsáveis por ele não estavam nem um pouco preparadas. Ele acaba então se aproximando de um velho judeu (Shlomo) e de um grupo de garotos que moram no mesmo prédio, criando amizades importantes mas frágeis, já que as únicas coisas que aparentemente alegram o menino são o futebol e a expectativa de que seus pais o levarão o mais breve possível para casa.
A produção obteve sucesso ao contar a história da maneira mais politicamente correta e familiarmente divertida possível. O retrato da empolgante copa do mundo de 1970 ao mesmo tempo em que a ditadura atinge elevados índices de repressão e o garoto passa por momentos difíceis da sua vida é marcante. A aflição da história que, desde o seu início parece ter um fim óbvio e trágico, é muito bem amenizada pelas paixões do protagonista, em especial o futebol, e sua aproximação com algumas personagens interessantes.
O desenvolvimento de alguns dos principais papéis, em especial o do teimoso Mauro (Michel Joelsas) e o da desinibida jovem Hanna (Daniela Pipeszyk), valem as curtas 1 hora e 40 minutos de filme. Mas é no complemento às personagens e tramas principais que o filme pode deixar a desejar. Muitos pontos interessantes deixam de ser melhor explorados (o misterioso namorado na moto, o amigo revolucionário do pai) enquanto que partes nem tão importantes arriscam diminuir a qualidade do filme. Temos a impressão de que todos os ingredientes foram bem escolhidos e inseridos, mas pouco trabalhados. A superficialidade da história acaba por inibir qualidades importantes, e a copa do mundo e as brincadeiras com os amigos acabam tomando um destaque especial mas levemente apelativo na trama.
Enfim, é um filme que supera com tranqüilidade outras obras nacionais do ano. Um filme família que contagia e diverte todos os gostos, que não deixa de destacar o orgulho de ser brasileiro, mesmo na difícil época retratada. É também um filme sobre povos e culturas, o que certamente facilitou sua aceitação em premiações. O retrato dos judeus, italianos e gregos catapulta as chances de “O Ano” ganhar prêmios e reconhecimento (Oscar?), mas fazendo um julgamento mais frio a obra não chega ao patamar de outros grandes filmes como Central do Brasil, Cidade de Deus ou Tropa de Elite. O último, esse sim, merecendo essa vaga e outra meia dúzia de indicações e prêmios – mas não é difícil entender o porque de ter perdido espaço para o mais correto, digerível e sentimental O Ano em que meus pais saíram de férias. Contudo, vendo por todas as outras perspectivas, é um filme que orgulhosamente representa o Brasil nos festivais do mundo, e merece nosso reconhecimento e torcida.
Elenco/Vozes: Michel Joelsas, Germano Haiut, Daniela Piepszyk, Simone Spoladare, Eduardo Moreira, Caio Blat, Paulo Autran.
quarta-feira, 4 de março de 2009
Fahrenheit 451
Num futuro próximo, os bombeiros locais têm por função queimar todo tipo de material impresso, que é considerado como propagador da infelicidade. Até que um dos bombeiros começa a questionar os motivos que fazem com que ele e seus colegas queimem livros e revistas. Dirigido por François Truffaut (A Sereia do Mississipi) e com Julie Christie no elenco. |
Ficha Técnica
Título Original: Fahrenheit 451
Gênero: Ficção Científica
Tempo de Duração: 112 minutos
Ano de Lançamento (Inglaterra): 1966
Estúdio: Anglo Enterprises / Vineyard
Distribuição: Universal Pictures
Direção: François Truffaut
Roteiro: Jean-Louis Richard e François Truffaut, baseado em livro de Ray Bradbury
Produção: Lewis M. Allen
Música: Bernard Herrman
Desenho de Produção: Syd Cain e Tony Walton
Direção de Arte: Syd Cain
Figurino: Tony Walton
Edição: Thom Noble
Efeitos Especiais: Bowie Films Ltd.
Elenco
Oskar Werner (Guy Montag)
Julie Christie (Linda / Clarisse)
Cyril Cusack (Capitão)
Anton Diffring (Fabian)
Anna Palk (Jackie)
Ann Bell (Doris)
Caroline Hunt (Helen)
Jeremy Spenser
Bee Duffell
Alex Scott
Michael Balfour
Sinopse
Em um Estado totalitário em um futuro próximo, os "bombeiros" têm como função principal queimar qualquer tipo de material impresso, pois foi convencionado que literatura é um propagador da infelicidade. Mas Montag (Oskar Werner), um bombeiro, começa a questionar tal linha de raciocínio quando vê uma mulher preferir ser queimada com sua vasta biblioteca ao invés de permanecer viva.
Pôsters
- Clique nos cartazes para vê-los ampliados em uma nova janela.
Imagens
- Clique nas imagens para vê-las ampliadas em uma nova janela.
Premiações
-
Curiosidades
- O título Fahrenheit 451 é uma referência à temperatura que os livros são queimados. Convertido para Celsius, esta temperatura equivale a 233 graus.
- Fahrenheit 451 é o único filme em inglês dirigido por François Truffaut.
- Todos os créditos de diretor, roteiristas, elenco, produtores, música, fotografia e até mesmo o nome do filme são narrados em off, não aparecendo nada escrito na tela. Apenas surge, no final, o tradicional "The End" e o nome do estúdio que produziu Fahrenheit 451.
- Entre os livros queimados pelos bombeiros está a revista Cahiers du Cinema, para a qual o próprio diretor François Truffaut escrevia na época.
- Após o término da montagem de Fahrenheit 451, o diretor François Truffaut declarou estar decepcionado com a versão original do filme, pois não gostou de alguns diálogos em inglês. Truffaut declarou ainda que preferia a versão dublada em francês do filme, cuja tradução foi inclusive supervisionada por ele.