sábado, 23 de agosto de 2008

Laranja Mecânica


Com o brilhantismo nas entranhas, depois do cultuado [Veja bem, cultuado] 2001 - Uma Odisséia no Espaço. Stanley Kubrick leva o público à uma Inglaterra futurista, causando controvérsia [e furor] no mundo do cinema. O ano é 1971, tempos em que Charles Manson é condenado a morte e seus seguidores à câmara de gás, cerca de 500 mil pessoas marcham contra a Guerra do Vietnam em Washington, a sociedade se bate e rebate sobre formas de reeducação social e a violência gereralizada, é lançado Laranja Mecânica [do original a Clockwork Orange] dando uma, como chamamos, chicotada psicológica, nos mesmos moldes de Lolita (1962), Dr. Fantástico (1964) e Nascidos Para Matar (1987), revelando uma sociedade que vive sobre uma hipocrisia manchada pelo desumano e pelo sulrrealismo comercial. O filme se passa em um futuro não muito distante, numa brilhante atuação de Malcolm McDowel, como Alex DeLarge, tão brilhante essa a ponto do próprio Kubrick, que dificilmente fala de seus filmes, dizer que se não contasse com McDowel para o papel principal, não teria rodado nenhuma cena. Na história, Alex é líder de uma gangue de delinqüentes que, após roubar, estuprar e matar, é preso pela policia e é usado como cobaia, num experimento que faria com que o indivíduo interrompese seus impulsos maldoso e violentos. Kubrick, com inexpugnável maestria e perfeição, cria um domínio artístico e paradoxal sobre a essência da sociedade, pondo-se a prova revelando uma sociedade tão violenta quanto Alex. Depois de ser preso, ele é o primeiro condenado a ser submetido a uma nova forma de punição do governo, no qual se diz tornar o criminoso alguém bom para a sociedade, a forma como isso é feita, é claro! É mais violenta que a corpórea, tentando narcotizá-lo, controlando sua mente deixando todas as suas experiências pessoais sem importância, não se pode mudar a concepção de um homem, nem sua essência, não adianta hipnotizá-lo. E isso, Kubrick nos prova com maestria. Uma das cenas mais primorosas que considero sublime é a cena do estupro, onde Alex cria um plano maquiavélico, arrombando uma casa e estuprando a mulher de um escritor ao mesmo que cantando Singin´in the Rain, do famoso “Cantando na chuva”, mostrando-se hostil, agressivo e maldoso o bastante para não se revelar possuir sentimentos bons. Outra boa cena [e bizarra] quando Alex e seu bando invadem uma casa onde mora uma dançarina, matando-a com um pênis gigante. Laranja Mecânica é um clássico, com todas as letras e surtos, preste a atenção na linguagem usada pelo bando, criada ainda no livro de Anthony Burgess, que mistura palavras em inglês, russo e gírias. Um filme bom desde roteiro até a execução.

Nenhum comentário: